Produção e consumo das costuras da sulanca no nordeste brasileiro (décadas de 1950 e 1960): fotografia e história oral
fotografia e história oral
DOI:
https://doi.org/10.18817/ot.v22i40.1247Palavras-chave:
migração, vestes populares, distinções sociaisResumo
Com o processo migratório do Nordeste para o Sudeste, desde o governo Getúlio Vargas (1930-1945), ocorreram formações de redes entre os migrantes, quanto à comunidade nordestina e uma nova tipologia de produção têxtil nomeada popularmente de “Sulanca”. Essas vestimentas incorporaram padrões de uma moda caracterizada por ser um espécime adequado ao trabalho ou a ocasiões excepcionais, como batizados ou casamentos, sendo uma moda dos pobres. A origem dessas vestes ocorreu na década de 1950, tendo como matéria-prima os descartes das indústrias de São Paulo, que retornavam ao nordeste do Brasil nos caminhões relacionados ao processo migratório, especialmente para Pernambuco. A partir da década de 1960, ganhou uma difusão regional em todo o Nordeste, permanecendo até a década de 1990. Consoante à metodologia da história oral e o uso de fotografias, analisamos esse processo de produção e de consumo de vestes no agreste e litoral de espaços nordestinos. A partir de constructos teóricos de sociólogos e historiadores, examinamos as relações de migração, produção têxtil e uma tipologia de vestimentas do agreste e sertão nordestino.
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