FORTALEZAS E MISSÕES: os capuchos da Piedade em espaços de fronteira na Amazônia colonial (primeira metade do século XVIII)
DOI:
https://doi.org/10.18817/ot.v18i32.800Palavras-chave:
Fortalezas, Missões, Capuchos da PiedadeResumo
Os capuchos da Piedade atuaram no trabalho missionário no Estado do Maranhão e Grão-Pará, durante o fim do século XVII e a primeira metade do XVIII. Tais religiosos, assim como as demais ordens que estiveram na região durante esse período, concentraram seus esforços catequéticos na formação de aldeamentos que abrigassem as populações indígenas. No caso dos capuchos da Piedade, eles tiveram uma particularidade: aldeamentos localizados próximos ou ao lado de fortalezas ao longo do estuário do rio Amazonas. Justamente por essa convivência com agentes civis e militares, as relações nem sempre foram amistosas no cotidiano desses espaços. Nesse sentido, utilizando de documentação oficial, correspondências trocadas entre as autoridades metropolitanas e os agentes coloniais, buscaremos apontar os meandros dessas relações estabelecidas entre os missionários da Piedade e os representantes militares dos fortes, desde proteção e cordialidade, passando por animosidades e conflitos. Nesse sentido, temos por objetivo apresentar que os capuchos da Piedade não foram agentes passivos no interior do Vale Amazônico, interagindo, formando alianças e integrando-se às redes de poder locais, ou se contrapondo a elas. Desobedecendo, dessa forma, a alguns ditames da metrópole, suscitaram diversas polêmicas decorrentes de suas posturas.
Downloads
Referências
Documentos
CARTA do capitão-mor do Gurupá, Manoel Guedes Aranha, para o rei D. Pedro II, datada de 8 de julho de 1695, anexo à Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. Pedro II, datada de 19 de dezembro de 1695. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 4, doc. 332.
CARTA do Comissário das Missões da Piedade, Frei Manoel do Marvão, para o rei D. João V, datada de 5 de setembro de 1726. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 9, doc. 832.
CARTA do governador e capitão-general do Estado do Maranhão, Cristóvão da Costa Freire, para o rei D. João V, datada de 22 de dezembro de 1709. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 5, doc. 440.
CARTA do governador e capitão-general, Cristóvão da Costa Freire, para o rei D. João V, datada de 6 de dezembro de 1710. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 5, doc. 462.
CARTA do ouvidor-geral da Capitania do Pará, Antônio da Costa Coelho, para o rei D. João V, datada de 8 de fevereiro de 1710, anexo à Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. João V, datada de 1 de julho de 1710. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 5, doc. 456.
CARTA do rei, D. João V, para o governador e capitão-general do Estado do Maranhão, Cristóvão da Costa Freire (cópia), datada de 7 de julho de 1710, anexo ao Ofício do Bispo do Pará, D. Miguel de Bulhões, para o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, Sebastião José de Carvalho e Melo, datado de 15 de dezembro de 1755. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 39, doc. 3691.
CONSULTA do Conselho Ultramarino para o rei D. Pedro II, datada de 19 de dezembro de 1695. Arquivo Histórico Ultramarino, Pará, cx. 4, doc. 332.
FAÇA o governador toda a diligência para prender Ignacio Leal de Moraes, capitão da Fortaleza dos Pauxis (Óbidos), que fugira da prisão. Só se lhe permitirá tratar livremente da sua soltura, depois de preso. 18 de fevereiro de 1728. Anais da Biblioteca e Arquivo Público do Pará, Belém: Imprensa de Alfredo Augusto Silva, tomo 2, doc. 213, 1902.
INFORME-SE o Governador da verdade a respeito da representação do Comissário das Missões da Província da Piedade, Frei Manoel de Marvão, contra o capitão da Fortaleza de Pauxis (Óbidos), Ignacio Leal de Moraes. Na hipótese de serem procedentes as acusações, castigue o capitão, e comunique o que praticar. 25 de março de 1727. Anais da Biblioteca e Arquivo Público do Pará, Belém: Imprensa de Alfredo Augusto Silva, tomo 1, doc. 182, 1902.
OS PRELADOS das Missões não podem recusar os índios que o serviço do Rei exija. 7 de julho de 1710. Anais da Biblioteca e Arquivo Público do Pará, tomo 1, doc. 89, [1902].
PARA o Presidente do Hospício de São José do Pará. 4 de novembro de 1707. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
REGIMENTO de que hão de usar os Capitães da Capitania do Gurupá. 7 de setembro de 1686, sendo acrescentado um capítulo em 23 de março de 1688. Anais da Biblioteca Nacional, v. 66, [1948].
SOBRE o Hospício dos Religiosos da Piedade do Gurupá. 26 de novembro de 1696. Anais da Biblioteca Nacional, v. 66, [1948].
SOBRE remeter para este Reino a Frei Pedro de Redondo. 27 de janeiro de 1712. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
SOBRE se lhe dizer obrigue ao Capitão Mor do Gurupá a acabar o Hospício a que está obrigado para os Religiosos Missionários e que não satisfazendo o faça acabar a sua custa. 4 de novembro de 1707. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
SOBRE se lhe ordenar faça acabar com brevidade o Hospício do Gurupá para os Religiosos Piedosos e também o segundo para enfermaria que lhes deixou Hilario de Souza. 10 de dezembro de 1697. Anais da Biblioteca Nacional, v. 66, [1948].
SOBRE se lhe ordenar faça embarcar na primeira embarcação para este Reino ao Missionário Frei Pedro de Redondo, pela negação e desobediência que fez em não dar os índios que se lhe pediram para o serviço Real. 7 de julho de 1710. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
SOBRE se lhe recomendar remeta no primeiro Navio que daquele Estado sair para este Reino a Frei Pedro de Redondo, para lhe dar o castigo igual a culpa em que incorreu pela negação que fez dos índios sendo-lhe pedidos para o meu serviço. 13 de agosto de 1710. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
SOBRE se mandar notificar a Luiz de Moraes Bittencourt para em termo certo acabar o Hospício a que se obrigou fazer no Gurupá para os Missionários. 20 de fevereiro de 1709. Anais da Biblioteca Nacional, v. 67, [1948].
Bibliografia
AMORIM, Maria Adelina. Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: missão e cultura na primeira metade de seiscentos. Lisboa: Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa; Universidade de Lisboa; Centro de Estudos de História Religiosa; Universidade Católica Portuguesa, 2005.
AMORIM, Maria Adelina. A missionação franciscana no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1622-1750): agentes, estruturas e dinâmicas. 2011. Tese (Doutorado em História) - Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011. 2 v.
ARENZ, Karl Heinz; MATOS, Frederik Luizi Andrade de. Informação do Estado do Maranhão: uma relação sobre a Amazônia portuguesa no fim do século XVII. RIHGB, ano 175, n. 463, p. 349-380, abr./jun. 2014.
CARVALHO JUNIOR, Roberto Zahluth de. Espíritos inquietos e orgulhosos: os frades Capuchos na Amazônia Joanina (1706-1751). 2009. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2009.
FALBEL, Nachman. Os espirituais franciscanos. São Paulo: Perspectiva; FAPESP; EDUSP, 1995. (Coleção Estudos).
FERREIRA, Isabella Fagundes Braga. Fortificações amazônicas nas cartas de Mendonça Furtado (1751-1759). In: COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (org.). Meandros da história: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005. p. 34-47.
FRAGOSO, Hugo, OFM. Os aldeamentos franciscanos no Pará. In: HOORNAERT, Eduardo (org.). Das reduções latino-americanas às lutas indígenas atuais. São Paulo: Ed. Paulinas, 1982. p. 119-160.
MATOS, Frederik Luizi Andrade de. Desobedientes e absolutos: a atuação dos Capuchos da Piedade durante o governo de Mendonça Furtado. 2010. Monografia (História) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2010.
MATOS, Frederik Luizi Andrade de. Os “frades del Rei” nos sertões amazônicos: os capuchos da piedade na Amazônia colonial (1693-1759). 2014. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Pará, Belém 2014.
MONFORTE, Manoel, OFM. Crônica da Província da Piedade, primeira capucha de toda a Ordem, e Regular observância de nosso Seráfico Padre São Francisco [1693]. 2. ed. Lisboa: Oficina de Miguel Manescal da Costa, impressor do Santo Ofício, 1751.
REIS, Arthur Cezar Ferreira. História de Óbidos. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL; Belém: Governo do Estado do Pará, 1979.
REIS, Arthur Cezar Ferreira. A conquista espiritual da Amazônia. 2. ed. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 1997.
VIANNA, Arthur. As fortificações da Amazônia I: as fortificações do Pará. In: Anais da Biblioteca e Arquivo Público do Pará: tomo 4. Belém: Tip. e encadernação do Instituto Lauro Sodré, 1904.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Outros Tempos - Pesquisa em foco - História de http://www.outrostempos.uema.br/site/ é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.