MARCOS, RUMOS, POSSES E BRAÇAS QUADRADAS: refazendo os caminhos da demarcação da Sesmaria dos Índios de Monte-Mór – Província da Parahyba do Norte (1866-67)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.997

Palavras-chave:

Terras Indígenas, Engenheiros, Cartografia Histórica

Resumo

Neste artigo analisamos a situação histórica da demarcação das terras da Sesmaria dos Índios de Monte-Mór, na Província da Parahyba do Norte, realizada pelo engenheiro Antônio Gonçalves da Justa Araújo nos anos de 1866 e 1867. Partimos das memórias indígenas contemporâneas para analisar o processo demarcatório do século XIX. Tomamos como pano de fundo os duradouros efeitos sociais desse processo de (des)territorialização perpetrado num contexto de negação da condição étnica dos povos indígenas naquele período. Ao longo do artigo refazemos os caminhos do processo demarcatório, propondo ao final uma interpretação cartográfica da atuação do engenheiro e da presença indígena na sesmaria.

 

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Biografia do Autor

ESTÊVÃO MARTINS PALITOT, UFPB

Doutor em Sociologia pela UFPB

Professor do PPG em Antropologia da UFPB

 

Referências

Documentos

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Publicado

2022-07-04

Como Citar

PALITOT, E. M. . (2022). MARCOS, RUMOS, POSSES E BRAÇAS QUADRADAS: refazendo os caminhos da demarcação da Sesmaria dos Índios de Monte-Mór – Província da Parahyba do Norte (1866-67) . Outros Tempos: Pesquisa Em Foco - História, 19(34), 139–169. https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.997