“ELA ESTÁ ENTREGUE A VOCÊS”: a trajetória de Inês Etienne Romeu como símbolo das engrenagens repressivas da ditadura civil-militar e dos limites da transição brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18817/ot.v22i39.1266

Palavras-chave:

Ditadura Civil-Militar brasileira, Serviço Nacional de Informação, Inês Etienne Romeu

Resumo

O presente trabalho propõe-se a analisar a trajetória de uma das mais importantes personagens do movimento de resistência à ditadura civil-militar brasileiro, Inês Etienne Romeu, à luz das engrenagens do aparato repressor então em funcionamento, passando pelos limites da transição brasileira impostos pelo caráter conciliador e pacificador da Lei de Anistia. Última presa política a ser libertada no país, Etienne, por meio de seus depoimentos, viabilizou a descoberta de um dos mais importantes centros clandestinos de detenção, tortura e extermínio do país: a “Casa da Morte”, situada em Petrópolis, Rio de Janeiro. Serão aqui explorados os dossiês produzidos pelos agentes do Serviço Nacional de Informação (SNI) sobre Etienne, apresentando um breve mapeamento de sua trajetória política, prisão e condenações. Também será objeto de análise a decisão judicial pela recusa da denúncia de torturas e estupro de seu principal algoz, Antonio Waneir Pinheiro de Lima, (re)conhecido pela alcunha de “Camarão”.

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Biografia do Autor

MONICA PICCOLO ALMEIDA, Universidade Estadual do Maranhão

Professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão. Bolsista Produtividade do CNPq (PQ2)

LEONARDO LEAL CHAVES, Ceis20/Universidade de Coimbra

Doutorando no Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20) da Universidade de Coimbra. 

Referências

Fontes

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Publicado

2025-02-21

Como Citar

ALMEIDA, M. P., & CHAVES, L. L. (2025). “ELA ESTÁ ENTREGUE A VOCÊS”: a trajetória de Inês Etienne Romeu como símbolo das engrenagens repressivas da ditadura civil-militar e dos limites da transição brasileira . Outros Tempos: Pesquisa Em Foco - História, 22(39), 77–104. https://doi.org/10.18817/ot.v22i39.1266