“EU NÃO QUERO ESTRADAS EM MINHAS TERRAS!” os indígenas entre os projetos de navegação e desenvolvimento do Jequitinhonha e Mucuri na segunda metade do século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.990

Palavras-chave:

Indígenas, Jequitinhonha, Mucuri

Resumo

Este texto vai tratar das relações entre os indígenas e os principais empreendimentos comerciais do norte de Minas Gerais e o sul da Bahia focando na disputa entre os rios Mucuri e Jequitinhonha, na segunda metade do século XIX. O território analisado foi palco de rivalidades de dois grandes projetos estatais/particulares, o encabeçado pela Bahia: navegação do Jequitinhonha e o coordenado pelos Ottoni: navegação do Mucuri. Conceder a ocupação desse território a particulares constituiu-se enquanto uma manobra do governo imperial para sua consolidação nas fronteiras. As empresas fomentadas com dinheiro público deveriam desbravar as matas, “pacificar” os índios e tornar as terras produto de mercado. No bojo dessa conjuntura, os diversos grupos indígenas enfrentavam os percalços dos aldeamentos, assim como dos empreendimentos erguidos em suas aldeias.

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Biografia do Autor

RENATA FERREIRA DE OLIVEIRA, IFNMG

Doutoranda em História PPGH - UFBA

Professora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

 

Referências

Documentos

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Publicado

2022-07-04

Como Citar

OLIVEIRA, R. F. D. . (2022). “EU NÃO QUERO ESTRADAS EM MINHAS TERRAS!” os indígenas entre os projetos de navegação e desenvolvimento do Jequitinhonha e Mucuri na segunda metade do século XIX. Outros Tempos: Pesquisa Em Foco - História, 19(34), 241–272. https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.990