Das dores, sonhos e ilusões de migrantes nordestinos na Amazônia oriental: narrativas de adoecimento e escravização (1990-2010)

Resumo

Neste artigo, pretende-se refletir sobre as expectativas, as vivências, as condições de trabalho, com ênfase no adoecimento de homens e mulheres que se deslocavam repetidas vezes do Piauí para a Amazônia, e submetidos a formas de trabalho análogo à escravidão. O contexto compreende o processo de expropriação do campesinato na região Nordeste e descolamento de trabalhadores rurais para a região da Amazônia, que buscavam fazer a vida e retornar a terra natal. Tratamos em particular de migrações de retorno. A precariedade material e a esperança se apresentam como as principais motivações para o deslocamento. A escalada de denúncias de casos de trabalho escravo contemporâneo, ou trabalho forçado, assim reconhecido internacionalmente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), especialmente na região de destino desses migrantes, permitiu-nos identificar e problematizar através da História Oral as suas condições de vida, o ritmo de trabalho adotado para cumprir metas, que pode resultar no adoecimento e, por vezes, em morte, como as estratégias de resistência produzidas diariamente.