OS VACILOS DO COLONIZADOR: transferências de vilas e aldeias no Maranhão

Autores

  • MATTHIAS RÖHRIG ASSUNÇÃO Universidade de Essex

DOI:

https://doi.org/10.18817/ot.v21i37.1144

Palavras-chave:

Maranhão., Fundação de cidades., Meio-ambiente.

Resumo

O elevado número de transferências de vilas e povoados no Maranhão colonial e oitocentista decorre de várias causas.  Uma delas é a inadequação dos locais escolhidos para implantação dos núcleos urbanos a serem desenvolvidos, como, por exemplo, às margens de rios submetidos às enchentes. Se transferências resultaram de um meio ambiente hostil aos planos e intentos dos colonizadores, eram também causadas pela hostilidade dos nativos da terra, que se opunham à sua escravização. Quando capturados ou “resgatados” pelos colonos, ou descidos para aldeias missionárias, os indígenas eram não somente forçados a trabalhar, mas eram vítimas também de epidemias, com as bexigas (varíola). Grande mortandade, por sua vez, levou ao abandono de vilas ou a sua transferência. Finalmente, disputas locais entre elites provocavam mudanças apenas da territorialização e das insígnias do poder municipal, sem implicar necessariamente uma transferência de assentamento. O artigo explora esses temas baseado principalmente no caso das vilas e povoados do Maranhão oriental, a região entre o oceano e os rios Itapecuru e Parnaíba até a altura de Caxias.

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Biografia do Autor

MATTHIAS RÖHRIG ASSUNÇÃO, Universidade de Essex

 

Professor titular de História na Universidade de Essex.

Colchester, Essex, Inglaterra

assuncao@essex.ac.uk

Referências

Documentos

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Publicado

2024-01-31

Como Citar

ASSUNÇÃO, M. R. (2024). OS VACILOS DO COLONIZADOR: transferências de vilas e aldeias no Maranhão. Outros Tempos: Pesquisa Em Foco - História, 21(37), 278–303. https://doi.org/10.18817/ot.v21i37.1144